Mexendo em uma estante de casa, cai no meu colo ” Vendo vozes” de Oliver Sacks. O autor faz, literalmente, uma viagem ao mundo dos surdos. Sacks começa afirmando que ” somos notavelmente ignorantes a respeito da surdez. Acrescento, ignorantes e indiferentes. Aprendemos muita coisa, mas não entendemos nada.
Por isso mesmo, corri para Andrew Solomon que escreveu um dos mais belos livros sobre Pessoas com Deficiência (já escrevi aqui sobre este livro). Fui buscar no capítulo sobre surdos do ” Longe da Árvore”, para explicar melhor o que anuncio no título desta postagem.
” Em inglês a palavra “Surdo” com inicial maiúscula refere-se a uma cultura, distinta de ” surdo”, que é um termo patológico; essa distinção se parece com aquela feita nos Estados Unidos entre “gay” e “homossexual”. Um número crescente de pessoas surdas sustenta que não escolheria ouvir. Para elas, a cura – surdez como patologia – é execrada; a adaptação – surdez como deficiência – é mais palatável; e a celebração – Surdez como cultura – supera todas.”
Certamente o processo histórico dos surdos e Surdos foi repleto de tensões, de resistência, lutas e conquistas. Mesmo assim, desde o abade L Épée fundador do Instituto para Instrução de Surdos-Mudos em 1755, passando por Graham Bell, o líder do movimento oralista do séc. XIX (Bell tinha mãe e esposa surdas, depreciava os sinais, chamando-os de ” pantomima”), todo o processo foi longo.
Apesar de todas as conquistas pelos Surdos, ainda continuamos indiferentes e ignorantes
Deixe um comentário