(…) Existe outro modelo, na pequena cidade flandrense de Geel, próximo de Antuérpia. Geel é um experimento único – se é que podemos usar a palavra ” experimento” para algo que vem sendo implementado há sete séculos e surgiu de modo muito natural e espontâneo. Diz a lenda que, no séc. VII, Dinfna, filha de um rei irlandês, fugiu para Geel para escapar das carícias incestuosas de seu pai, e ele, com fúria assassina, mandou decapitá-la. Ela foi venerada em Greel como santa padroeira dos loucos, e seu santuário logo atraiu doentes mentais de toda a Europa. No sé. XIII, as famílias dessa cidadezinha de Flandres abriam suas portas e corações para os doentes mentais – atitude que mantém até hoje. Por séculos foi comum as famílias de Geel acolherem ou adotarem um pensionista; em tempos mais agrícolas, esses ” hóspedes” tornavam-se uma fonte de mão de obra muito bem vinda.” (…)
Oliver Sacks (Tudo em seu lugar)
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