Volto ao livro “Corpo” para ajudar explicar o que está acontecendo com a saúde pública mundial, em especial com o nosso país ou nosso presidente.
(…) “A febre tifóide não era menos amedrontadora e causou no mínimo tanto sofrimento quanto a difteria. O eminente microbiologista francês Louis Pasteur compreendia os patógenos melhor do que qualquer um em seu tempo; mesmo assim perdeu três dos cinco filhos para a doença. A febre tifóide e o tifo têm nome e sintomas parecidos mas são enfermidades distintas.
Ambas são de origem bacteriana e provocam forte dor abdominal, languidez e confusão mental gradual. O tifo é causado por um bacilo do gênero Rickettsia; a febre tifóide, por um bacilo da salmonela, é a mais grave das duas. Uma pequena proporção das pessoas contaminadas com febre tifóide – entre 2% e 5% – pode passar a doença, mas sem manifestar os sintomas, o que as torna vetores altamente eficazes ainda que, com regras exceções, involuntários. O caso mais famosos é o de uma cozinheira e governanta obscura chamada Mary Mallon, que ganhou notoriedade nos primeiros anos do século XX como Maria Tifóide.
Quase nada se sabe sobre as origens de Mary Mallon. Em seu tempo, fontes diferentes afirmavam que era da Irlanda, da Inglaterra ou dos EUA. Só o que se pode dizer com certeza é que, quando moça, Mary começou a trabalhar em diversas residências ricas, a maioria perto de Nova York, e por onde passava duas coisas sempre aconteciam: a família pegava febre tifóide e Mary desaparecia. Em 1907, após um surto particularmente cruel, descobriram seu paradeiro e a capturaram, e depois de examinada entrou para a história da ciência como a primeira portadora assintomática confirmada. Mary representava um perigo tão grande que o governo a manteve sob custódia por três anos. Devolveram-lhe a liberdade quando jurou nunca mais trabalhar manuseando comida. Mas, infelizmente, Mary não era alma confiável. Quase de imediato voltou a cozinhar para os outros, espalhando a doença por muito lugares. (…) foi pessoalmente responsável por no mínimo 53 caos de febre tifóide e três mortes confirmadas, mas possivelmente muito mais. A tragédia particular disso tudo é que poderia ter poupado suas desafortunadas vítimas se simplesmente lavasse as mãos antes de preparar a comida.”(…)
A febre tifóide pode não tirar nosso sono tanto quanto antigamente, mas ainda infecta mais de 20 milhões de pessoas por anos no mundo e mata entre 200 mil e 600 mil, dependendo da estimativa. Calcula-se que nos EUA ocorram 5750 casos por ano, cerca de dois terços oriundos de fora, mas quase 2 mil contraídos nos país.
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