“Eu estava no ginásio, queria fazer Astronomia e falei para os meus pais que ia a Belo Horizonte para mexer com música. Meu pai insistiu: “Eu, se fosse você, estudaria alguma coisa, porque viver de música não é só uma questão de talento, é questão de sorte também”. Concordei com ele, mas fui para Belo Horizonte pensando nas duas coisas. Como, por lá, não havia faculdade de Astronomia pensei em estudar Economia. Eu já era amigo dos Borges, e fui com o Márcio até a universidade, peguei um material sobre o curso, para avaliar. Subíamos uma rua, no caminho de volta para casa, e perguntei para o Márcio se ele tinha fósforos. Ele olhou para mim e estranhou: “Ué, mas você não fuma”. “Mas eu quero, e não é para fumar!”, disse a ele. Peguei o fósforo, queimei toda a papelada da faculdade e gritei: “Viva a música!”. Na sequência, fomos comemorar em um boteco e enchemos a cara. Graças a essa decisão de entrega a música que montamos o Clube da Esquina, né?”
Trecho de entrevista para o ARTEBrasileiros.
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